Apesar de todas as adversidades impostas pela pandemia de Covid-19 no decorrer de 2020, as exportações garantiram o desempenho da indústria do ferro de Minas Gerais, que registrou crescimento de 12% na produção. O desaquecimento do mercado interno provocado pelas medidas de distanciamento social em combate ao novo coronavírus deu lugar às vendas internacionais para países como China, Estados Unidos, Espanha, Itália e Japão. Com isso, os embarques que, historicamente, representavam 50% das vendas do setor, passaram de 70% no ano passado.
A informação é do presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado, que alertou para o aumento substancial dos custos de produção e disse esperar pela acomodação dos preços dos insumos, bem como pela recuperação do mercado brasileiro em 2021.
“A expectativa é boa. Iniciamos o ano com um bom ritmo de produção e nenhuma perda. Além disso, a perspectiva de melhora do mercado interno poderá ser um ponto positivo a mais, levando a resultados ainda melhores”, apostou.
Por falar em resultados, o dirigente disse que, em termos de produção, o setor cresceu cerca de 12% em relação a 2019, com uma produção de 3,6 milhões de toneladas de ferro-gusa – número este, puxado pelas exportações. Já em termos de faturamento, o impacto foi grande, devido à elevação de mais de 80% nos custos – considerando a variação dos preços dos insumos e a depreciação cambial.
Conforme Cançado, há algum tempo a indústria guseira de Minas Gerais vem sofrendo não apenas com a alta dos preços do minério de ferro e do carvão, mas também com a qualidade dos suprimentos que abastecem o setor.
Para se ter uma ideia, o dólar encerrou 2020 no patamar de R$ 5,19, enquanto chegou ao fim de 2019 em R$ 4,03. Já a cotação do insumo siderúrgico no mercado internacional saiu da casa dos US$ 90 a tonelada em 2019 e com a pandemia voltou a ultrapassar os US$ 100 a tonelada, fechando o ano acima dos US$ 155 a tonelada.
Qualidade – Além da alta dos preços, o dirigente também citou a depreciação da qualidade do minério recebido pelas indústrias. Conforme ele, isso já é observado há algum tempo e reflete uma inquietação sobre a priorização de envio do material de melhor qualidade para o exterior, inclusive, a partir da valorização da moeda norte-americana, como vem ocorrendo com outras commodities nacionais.
“Chegamos ao ponto de ter que comprar minério de outros estados, mesmo estando localizados no Quadrilátero Ferrífero”, reclamou. Cançado disse ainda que o volume de resíduos a partir do processo produtivo também aumentou muito.
Já sobre o carvão vegetal, o presidente do Sindifer-MG afirmou que o aumento foi de quase 90%. Ele acredita que a pressão pode estar ocorrendo por causa da oferta limitada.
Em suma, o dirigente alertou que a grande preocupação diz respeito ao abastecimento das siderúrgicas, uma vez que o ritmo de recuperação vem aumentando e, tanto os custos quanto a qualidade, seguem prejudicando os níveis de produtividade do setor. “Não temos outra opção, a não ser repassar”, disse.
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